Tuesday, July 28, 2009

Bem-vindo a bordo!


Histórias contadas ou lidas têm o poder de atingir nosso âmago, fazendo com que ultrapassemos os limites do tempo e do espaço. Nada nos impede em nossa imaginação, não podemos ser detidos e, tampouco, há que se pagar pela viagem instantânea proporcionada pela leitura. Histórias serão lembradas a partir de símbolos impressos em folhas inanimadas; antes brancas e lisas, que transformam-se aos olhos do leitor.
Desta forma, livros guardam símbolos, alegorias, fantasias a serem decifradas. Seus pontos e pingos, cuidadosamente colocados, querem levar uma mensagem a todos. Mas, “todos” são muitos e variados, cada qual o entenderá, modificando-o, segundo sua própria vivência, ou segundo seus desejos.

Quando, da leitura, sentimos a alegria ou a dor do existir, ocorre a transferência do passado ao presente, do eu para o outro e do outro para o eu.

Lembranças guardadas pelo leitor teimam em modificar sentidos de símbolos postos - mas não impostos-, que alguém escreveu a partir da própria experiência. Imagens mentais se misturam, bordando na viagem da história lida o inevitável retorno à história de si mesmo.
Assim, cada qual poderá ler o que lhe é particular em escritos alheios e fazer-lhes citações deliciosamente desarrazoadas, dando-lhes novas e variadas formas. Certamente, vindos de conteúdos até então guardados em espaços inconscientes.

Estímulos externos podem nos dar passagem para longe, no tempo e no espaço, mas nunca nos levarão do lugar que nos é essencialmente particular: o eu e a inesgotável inconsciência existencial.
Impregnados de nós mesmos, impregnamos o mundo com nossa existência e podemos nos descobrir ao descobrir o que, quase sempre, parece ser tão externo.

E, tão bom quanto viajar é poder relembrar e compartilhar as experiências.

Cléria Mariano

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